segunda-feira, 23 de novembro de 2009

AUDITORIA INTERNA - Função e Processo(1)

AUDITORIA INTERNA - Função e Processo(1)



ISABEL MARTINS

Equip. a Assitente do 1º Triénio da ESTV

GEORGINA MORAIS

Assistente no ISCA - Coimbra



A Auditoria Interna é um tema que sempre nos aliciou e, por motivos académicos e profissionais, sentimos a necessidade de investigar. Por outro lado, pretendemos sensibilizar outros profissionais para este ramo de Auditoria, ainda pouco divulgada entre nós.





Este trabalho não pretende esgotar o tema, mas, tão-somente, chamar a atenção para a crescente importância da Auditoria Interna, motivada pela pressão do dia a dia de quem tem de cumprir objectivos em diversas áreas. Nesta perspectiva, o posicionamento da Auditoria Interna, numa visão actual do seu funcionamento, centra a sua atenção, não na Auditoria aos órgãos da empresa, mas às actividades que esta exerce.

Nos Estados Unidos, os primeiros auditores internos apareceram há mais de cinquenta anos. No entanto, a existência reconhecida de Auditoria Interna tem apenas cerca de vinte. Na Europa, depois do Reino Unido, é a Alemanha quem pratica Auditoria Interna há mais tempo. Em Portugal, a Auditoria Interna é muito recente. As empresas portuguesas só nos últimos anos têm vindo a acompanhar as inovações operadas neste âmbito, adoptando-as e ajustando-as consoante as suas possibilidades e o entendimento da função pelas suas Administrações.

O crescimento constante das empresas, quer em tamanho quer em diversificação da sua actividade económica, dificulta o controlo da sua actividade a um grupo limitado de pessoas.

Os auditores internos podem estar numa situação única para ajudar as suas empresas a eliminar desperdícios, simplificar tarefas e reduzir custos. Para além dos tradicionais objectivos empresariais de optimização de lucros e de resposta às necessidades dos mercados em que se inserem, num mundo em constante mutação, as empresas deparam-se com novas situações, que conduzem a uma forte motivação, relativamente a preocupações com a eficácia e eficiência dos recursos. Actualmente, a Auditoria Interna constitui uma função de apoio à gestão. A Auditoria Interna, além de importante, tornou-se imprescindível no mundo empresarial actual.

A Auditoria Interna fornece análises, apreciações, recomendações, sugestões e informações, relativas às actividades examinadas, incluindo a promoção do controlo eficaz a custo razoável. O auditor interno deve revelar as fraquezas, determinar as causas, avaliar as consequências e encontrar uma solução de modo a convencer os responsáveis a agir.

Em suma, sem pretender compilar um manual acerca de Auditoria Interna, este trabalho visa demonstrar que o auditor interno não é um "polícia", mas um profissional que pretende responder às expectativas da Administração sobre os maiores riscos da empresa: observando, aconselhando e esclarecendo os responsáveis envolvidos, persuadindo-os a implantar as acções correctivas necessárias. Além disso, que a Auditoria Interna é uma função de apoio à gestão, baseada num processo sistemático, utilizando as técnicas de Auditoria apropriadas.

O trabalho desdobra-se em quatro capítulos. Os capítulos um e dois pretendem evidenciar o enquadramento e a função de Auditoria Interna. Os capítulos três e quatro pretendem abordar a Auditoria Interna numa vertente mais prática.

O primeiro capítulo faz uma abordagem teórica ao enquadramento da Auditoria Interna, começando por definir Auditoria, enumerando os tipos, enquadrando-a na classificação. Abordamos, dada a sua importância para a Auditoria, o controlo interno: factores que o influenciam, tipos de controlo, métodos, relação com a Auditoria, avaliação e relatório. Destacamos que o objectivo da avaliação do controlo interno é diferente para os Auditores Internos e Externos. Comparamos a Auditoria Interna da Externa. Destacando os pontos de contacto, de afastamento e a colaboração necessária entre os auditores internos e externos. Também apresentamos um quadro resumo com as principais diferenças entre o auditor interno e externo. Este capítulo não poderia terminar sem evidenciar e dar relevo às normas de Auditoria Interna, enumerando-as minuciosamente.

O segundo capítulo aborda a função e organização de Auditoria Interna. Após o enquadramento da Auditoria Interna, este capítulo revela a função, começando com uma breve evolução histórica, definindo a função, dando relevo à sua função de apoio à Direcção e de vigilância do sistema de controlo. Abordamos a necessidade de criação de um Departamento de Auditoria Interna, critérios de oportunidade, dando relevância à análise do custo/benefício, e factores a ter em conta na organização de um serviço de Auditoria Interna. Apresentamos o posicionamento ideal no organigrama da empresa, articulação com os diferentes níveis de gestão e a estrutura do departamento.

O terceiro capítulo destaca o processo de Auditoria Interna subdividido por nove fases distintas, com as respectivas tarefas e risco associado (factores e medição do risco), dando particular ênfase às duas últimas fases, uma vez que distinguem o processo de Auditoria Interna do processo de Auditoria Externa. A oitava fase, o "follow-up", foi muito pormenorizada, em virtude de ter de ser, como qualquer acção, atempada e oportuna. De igual modo, a importância da avaliação só tem razão de ser se conseguir acrescentar valor à gestão da empresa e melhorar a qualidade de futuras Auditorias.

No quarto e último capítulo abordamos a Auditoria Interna por cinco áreas operacionais de uma média empresa, de acordo com o seu organigrama.

Em seguida, apresentamos as conclusões do presente trabalho.

Concluímos a presente introdução acreditando que o Auditor pratica a dúvida metódica e que, tal como Descartes, entendemos, "por método, regras certas e fáceis, que permitem a quem exactamente as observar nunca tomar por verdadeiro algo de falso e, sem desperdiçar inutilmente nenhum esforço da mente, mas aumentando sempre gradualmente o saber, atingir o conhecimento verdadeiro de tudo o que será capaz de se saber."(2) Entendemos que o auditor interno, no trabalho a desenvolver, não deve aceitar nada como verdadeiro, sem ter a certeza de que o é, isto é, em busca da prova, utilizando procedimentos lógicos, estruturados e organizados.

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